terça-feira, 17 de setembro de 2013

Saborear-te



Não sei a que sabe a tua pele. Sei que sabe bem porque a visão e o olfato também comem. Antevejo sempre um sabor mesmo sem o alvejar com a língua. Gosto da cor da tua pele escura, tão escura mas com nitidez suficiente para ofuscar olhos com gosto. Foram os teus olhos verdes que me seduziram primeiro. É fácil gostar de olhos da cor da relva mas não foi somente isso que me fascinou; o teu sorriso branco também, o esboço de uma dentadura definitiva e limpa merecedora de se expor num qualquer anúncio de pasta dentífrica. Um sorriso infantil quase a cair para o puro e perduravelmente contagioso. A tua postura a caminhar descalço na praia também não me foi indiferente; passos seguros, sem receio de pisar território que te pertence e com vontade. É admirável sentir segurança nesses passos, apetece pisar as tuas pegadas na areia, seguir-te, seja lá para onde fores. Quantas vezes me apeteceu dar-te a mão, oferecer-te um sorriso, tocar-te na penugem da cara e apalpar cada rasta do teu cabelo. Partilhar uns bafos do teu charro de erva que torna o verde dos teus olhos num verde aguarela impossivelmente mais bonito. Excedi dias a admirar-te e sei que te apercebeste disso, a química transportou-se no ar pela brisa quente das Caraíbas. A inércia, talvez a convenção ou o meu papel de turista urbano não permitiu dar uma corrida até ti. Por isso, sonhei contigo de olhos fechados, cerrados - com tanta força - de modo a entrar na fantasia com a maior credibilidade possível. O beijo demorou, continuou sem tempo, molhado com confrontes de sensualidade e, de forma crescente, tornou-se num furacão como só numa ilha daquelas poderia subsistir. Crescemos nesse vendaval, desvendamos inúmeros pormenores nos nossos corpos ao qual não fomos indiferentes. Fundimo-nos, senti-te dentro de mim com uma intensidade brutal e crua e não tive medo de gritar. O teu corpo negro reluzia à lua, senti cada singularidade do teu peito modelado e terminei extasiada com o encanto do teu olhar: doce, firme, sereno e com bordas de frieza. Encantou-me tudo como se fosse a primeira vez a estar com um homem. Este momento ficou guardado num postal fartado de mar quente e areia branca. Ainda sinto a areia colada ao meu corpo transpirado, contudo prossigo sedenta: Ainda não sei a que sabe a tua pele.
M.L.M.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Novidades da rentrée

Novo curso
Às terças e quintas: dias 17, 19, 24 e 26 de setembro

Nova morada
Rua do Alecrim, n.º 47 - 4.º A | 1100-041 -  Lisboa

Novo programa do curso
Revisto, actualizado e remexido com o calor das férias