
O circo de Asdrúbal chegara nessa noite àquela pequena vila piscatória. O espectáculo era só amanhã mas começava já hoje. Enquanto se montavam tendas e barracas, Asdrúbal já pensava noutras montarias.
Guiado pelos cheiros e pelos ruídos surdos ou talvez simplesmente pelo seu talento em descobrir rabo de saia, lá foi parar ao que seria o bar mais in lá da zona.
Entrou com ar de rei na barriga, que é como diz com ar de “Querida, cheguei!!!”, dirigiu-se ao balcão e rodou os olhos pela sala. Pediu um whisky velho e, com ele na mão direita e mão esquerda no bolso, foi ter com a louraça lá do canto que fumava um cigarro no canto da boca.
Fez ar de pintas, franziu um sobrolho e espremeu uma espécie de sorriso por meia boca fora.
Ela leu-lhe a figura, o desejo e o tamanho do amontoado ali na zona da braguilha. “30 minutos, 50 euros”, disse-lhe. “É o preço de época baixa, estamos em saldos”.
Como quem cala consente e apenas silêncio se ouviu da boca de Asdrúbal, a louraça levantou‑se, entrou no corredor e ele seguiu-lhe a silhueta.
A porta trancou-se e destrancou-se a fera. O leão eriçou-se e soltou o cabelo, empurrou a louraça para cima da cama e atirou-se-lhe como se sobre a sua presa se lançasse. Já desceu as calças e de um só lanço lhe desprende os botões da blusa, lhe sobe a saia e lhe arranca as cuecas.
Afoga-lhe a cabeça no peito e sem dó nem piedade nem pingo de respeito ou meiguice enfia‑se-lhe desenfreada e desesperadamente. E numa cadência rápida e atabalhoada, uma busca atrapalhada de algo que desconhece mas não está ali.
Já está, já explodiu. Mas Asbrúbal só sente o vazio…
É que Asdrúbal é trapezista… mas ele queria mesmo era ser domador de leões…