quarta-feira, 10 de julho de 2013

83/1 - Disquiet

Para um chá ao final da tarde, convidaste-me como se fosse possível num primeiro encontro sentar-me ao teu lado em amena cavaqueira sem qualquer bengala que me suportasse as palavras, os gestos e sobretudo o olhar, e que podia ser um cigarro, mas já não fumo...podia ser o álcool, a música e outros corpos estranhos entre nós, mas não me apetece estar no ruído quando procuro encontrar-me no meu silêncio, no teu olhar.Tremo num remoinho de medo e desejo. Um desejo que me inquieta, que me enche o peito, me congela a barriga e que confesso que me traz desinquieta em baixo, e é nesta ânsia desmesurada que não me permito arranjar uma desculpa qualquer idiota para contornar os teus olhos nos meus. Os teus olhos em mim, isso sim…Quero! Quero a mão que me toca nas costas, em baixo e ao de leve, para dar passagem, a mão que se deixa ficar e que num gesto seguro me enlaça a cintura e me puxa de surpresa! Agarra-me! 
Puxas-me e agora em contacto com o teu peito, procuro sentir o teu sexo no meu porque és pouco mais alto que eu. E assim ficamos, ausentes no tempo e no espaço porque às vezes o tempo pára mesmo e parece que o espaço que existe é apenas aquele
que se encontra entre nós e que desde que me deste esse puxão repentino ficou dominado e é só nosso. Sem dar por isso a outra mão que tinhas livre deslizou para dentro da minha blusa e já dou por ela no meu peito. Está fria e não sei se é a pele ou se
a temperatura dela, mas deixa-a ficar, a tua mão que é exactamente do tamanho do meu peito e que apesar de fria me aquece por dentro e por fora. Não me parece possível mas consigo ouvir o meu coração e sinto o teu. É então que de repente o espaço passa a estar presente porque já é o teu sexo no meu que anseio e estamos no centro de Lisboa, na principal avenida da  cidade, ainda não és meu e eu já sou tua.