quarta-feira, 17 de julho de 2013

a porta estava aberta sem ninguém para me receber...


Entro no bar, ainda é cedo, consulto o relógio, sete da tarde, tenho tempo. A DJ cantaroleia a música do momento há medida que faz os preparativos para a noite que se avizinha. Deambulo entre as salas, apreciando cada detalhe. Ainda é cedo para a festa. Constança faz anos e a noite será longa. Sento-me na esplanada e tomo uma cerveja. Como é bonito o pôr do Sol, o cheiro a mar. Já faz tempo desde a última vez em que dediquei um pouco do meu tempo à arte de nada fazer. Termino a minha imperial e faço-me ao caminho. Ainda terei de passar por casa, comprar a prenda, um livro, como sempre.
Toco à campainha, as gargalhadas ouvem-se cá em baixo. Subo até ao terceiro andar, a porta está aberta sem ninguém para me receber. Empurro-a, três mulheres atropelam-me nesse instante num passo apressado, rindo entre si; ao fundo do corredor, está outro grupo, dois casais talvez, parecem bastante embrenhados na sua discussão, onde os copos dançam num misto de diálogo entre os lábios e a bengala da mão que, na dúvida de não saber o que fazer, onde estar, como se comportar, os agarra. Entro e fecho a porta atrás de mim, começo a percorrer o longo corredor até à sala, cruza-se comigo uma mulher vistosa, segura, de olhos tímidos. Chego à sala e no meio de tanto festim, verifico que a festa já há muito começou e a Lua ainda não cumprimentou o céu.
- Estava a ver que nunca mais chegavas!!! - até que enfim vejo uma cara conhecida. Frederico, afável como de costume, esbanjava o sorriso para quem o quisesse acolher. Ah, e como o acolhia..... - Anda, vem sentar-te. Só estamos à espera que a Constança chegue. Obedeci mecanicamente àquelas palavras. Não gostava de me sentir assim, de não conseguir comandar o que aquele rapaz alto, entroncado, de olhos cor de amêndoa, me fazia sentir.
Constança entra e todas as atenções se viram para aquela que conheço desde que de mim me lembro. (Está mais bonita hoje ou será do meus olhos turvos?). Começamos o jantar, apercebo-me que as caras conhecidas, de conhecidas pouco têm. O António parece outro com os olhos enevoados pelo anos; o encanto das rugas da pele encarquilhada de Maria não enganam nem um cego, está gasta!!!, pior, está usada!!!!, abusada!!!!!; as mamas de Francisca foram "emprateleiradas" de forma tal, que parecem uma armadura (Meu Deus Francisca, o que é que foste fazer?!??!?!); enfim Mateus, tanta cagança, onde é que ficou o miúdo que de todos gostava?!?!?! Para onde é que puseste o humor sufocado com tanta ganância e altivez??? Mas a conversa continua e gira e de tudo se fala sem que nada se diga!
Depois do jantar os diversos convidados foram saindo aos poucos. O trabalho no dia seguinte, os filhos, a rotina, chamavam-os.
Fui-me deixando ficar, até que apenas resto eu, Constança e os olhos amendoados de Frederico... Que me desencontram.
À medida que a conversa se desenrola a mão de Constança começa a massajar-me as coxas (Mas o que é que a leva a querer que desta vez não a irei travar?!?!?!) e eu, sem que nada faça para o impedir, deixo que esta calcorreie o meu corpo, numa atitude serena, impávida, enquanto os lábios de Frederico se movem de forma articulada, no seu discurso infindo.
É-me insuportável continuar ali, meramente a contemplar enquanto Frederico afaga a barba num gesto automatizado, toda a sua atitude desprovida de pudor onde o preconceito é sem-abrigo, me inibe, me fascina.
É então que me levanto e num acervo de fulgor, seguro-o pelos colarinhos e empurro-o, bruscamente, de encontro à parede da sala. Trinco aqueles lábios carnudos e desço até ao pescoço.
Constança encosta-se a mim, sinto os bicos das mamas rijos contra as minhas costas, sinto as suas mãos a descer até ao meu traseiro e apalparem-no sem pejo, sinto a pressão que as suas coxas exercem contra as minhas, sinto pernas de pele macia roçarem as minhas.
Não há qualquer vislumbre de surpresa na expressão de Frederico, do rapaz (agora tornado Homem, faísca antes um prazer contido que a certeza não me confirma. As mão possantes de Frederico puxam-me pelos cabelos e sua língua penetra-me e já não há espaço para minha. É tão pujante! (que me rouba a virgindade). Ninguém me tinha dito que havia alguém no mundo que pudesse calcorrear as entranhas da minha boca assim.
Finalmente, as minhas mãos soltam-no e ganham vontade própria; galgam as ancas de Constança, investem para os abdominais torneados de Frederico e de novo saltam para o rabo de Constança, palmilhando todas as curvas e contracurvas, numa corrida sedenta de prazer.
Frederico toma o leme, é ele agora quem comanda o navio. Num movimento brusco agarra-me pela cintura e vira-me de costas. À medida que Constança me abre as calças, Frederico já baixou as suas e roça-se no meu rabo freneticamente. Sinto o seu mastro erguer-se contra às minhas nádegas. Constança já está de joelhos, prostrada perante o meu sexo e os lábios ternos já o veneram.
Mas Frederico não acabou, belisca-me os mamilos, morde-me as costas, enquanto me verga ligeiramente e o caralho fura por entre as nádegas, sem pedir licença. Venho-me! A boca de Constança não tem descanso, Frederico jorra para dentro de mim brutalmente, por momentos, acredito que vá rebentar dentro de mim. Nunca alguma vez ouvi uma orquestra tocar desta forma.
Constança levanta-se, pentei-a o meus caracóis molhados e, num gesto de despedida, deposita um beijo nos meus lábios estupefactos. Frederico está abraçado a mim. A barba pica-me no ombro e ainda não consigo explicar-me o que aconteceu. Desenovelo-me dos seus braços, pego nas roupas espalhadas pela sala e saio; da mesma forma que entrei, abro a porta e ninguém está lá para de mim se despedir....
Beatriz Pottugal